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quarta-feira, 7 de março de 2012

“O Melhor Amigo do Homem”


Queridos amigos, sou um Homem aposentado e com muita experiência com o sentimento amor, já vi tanta coisa nessa minha vida e de vez em quando me surpreendo com as atitudes das pessoas.
Digo as pessoas, porque sou muito observador e consigo ler nos olhos a verdade e a mentira, sinto quando o amor é verdadeiro ou não.
Deve ser pela experiência de vida que um Homem de setenta anos adquiriu durante os longos anos de vida.
Moro num sobrado próxima a esquina da rua da estação de trem de ferro, vivo eu meu companheiro peludo Pelé, o Pelé é meu cachorro pastor alemão, minha filha Débora, minha netinha Ana Julia e um papagaio tagarela, tenho hábito de sentar numa rede na varanda do meu quarto que fica no primeiro andar do sobrado, dali tenho uma vista privilegiada da rua e do jardim que adorna a frente da velha estação de trem, assim eu me pego de vez em quando recordando os bons momentos que eu e Flora, meu doce e sempre amada esposa que já descansa nos braços de Deus.
Nas manhãs em que eu fico lá na rede observando o movimento da rua, era rotineiro um Homem passar todos os dias entre seis e sete horas da manhã com uma mochila nas costas e a seu lado um cãozinho vira lata, todos os dias ele ia pegar o trem e o cãozinho ganhava um carinho e um pedaçinho de pão, ele ficava ali sentado ate que o rapaz entrasse no trem e partia.
A amizade o amor dos dois comovia todas as pessoas que percebia aquela relação de amizade do cãozinho e do rapaz, um dia vi que por volta das cinco horas da tarde o vira lata passava sozinho e ficava lá na estação esperando o amigo, quando o avistava começava a pular, correr, tamanha sua felicidade. 
Numa tarde vi o cãozinho lá sentado e chamei a Julia, Minha netinha para ver a festa dos amigos, passaram dês minutos, vinte, quarenta, uma hora; e o amigo do bichinho não chegava, ele fica inquieto, andava de um lado a outro, tentava entrar na estação, mas era contido por seguranças na porta.
Aquele dia o rapaz não voltou e o amigo peludo passou a noite no jardim esperando por seu amigo, procurei saber se houve algum problema com passageiros na administração da estação, fui informado que um rapaz caiu nos trilhos da ferroviária, para minha tristeza, o rapaz era o amigo do vira lata.
Passaram três dias e o bichinho ficava lá, sentadinho, de vez em quando se iludia com alguém parecido com seu amigo, mas logo botava o rabinho entre as pernas e se encolhia.
Amigos eu já vi de tudo nesta vida, mas a prova de amor de um cachorro me provou que o amor não escolhe coração para se manifestar, e nos comove no intimo da compaixão, tentei alimentar o fiel amigo, mas ele me estranhava, insistentemente busquei ganhar sua confiança e o levei para minha casa, já faz um ano que eu o tenho, todos os dias ele vai à varanda comigo, senta e fica olhando no jardim da estação como quem vela a ânsia de uma saudade, a saudade do amigo.
Amor do melhor amigo do Homem.

Historia verídica.
Este conto é um presente a um homem que eu admiro e gosto como se fosse meu pai.


sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

“Garrafinha de Água!”

Em uma tarde estava eu num evento na avenida paulista, no céu havia nuvens escuras carregadas de água, o evento já estava no fim, as pessoas caminhavam apressadas em direção as estações do metro, eu estava com muita sede, era tanta que minha saliva parecia gelo seco, entrei em um bar para comprar uma garrafinha de água ao procurar dinheiro na carteira vi que não tinha meu Deus, fui furtado, procurei nos bolsos, nada de ter dinheiro, agora eu to perdido, sou tímido, não tenho coragem de pedir, o que irão pensar de mim? Que sou um desocupado, um vagabundo qualquer, odeio que pensem coisas ruins a meu respeito, sai do bar meio desolado, sem saber o que fazer, quando derrepente avistei uma garrafinha de água entre o meio-fio e o asfalto, as pessoas quase pisavam em cima dela, outras se desviavam, opa, agora mato a minha sede, pensei; ao me aproximar da desejada garrafa, veio um sujeito fortão vestido te terno e gravata e tropeçou nela, ai raiva; novamente tentei pega-la, me deu um momento do acanhamento, caramba, vão pensar que pego coisa no lixo para beber, eu fiquei entre a duvida de pegar e a vergonha, naquele momento eu me preocupava muito com o que os outros iriam pensar de mim, sem eu perceber, vinha de longe um sujeito puxando uma carrocinha com material reciclado, ele vinha procurando objetos que pudesse reciclar nos sacos a beira rua, e vinha do mesmo lado que eu estava, a minha cabeça doía, eu desejava muito pegar a água, mas a timidez não deixava, já estava conformado em caminhar mais de quarenta quilômetros a pé, mas a água naquele momento era meu objeto de primeira necessidade, o carroceiro aproximou-se da garrafinha, sem pestanejar, abaixou, pegou, passou a mão suja na tampinha, abriu e entornou de uma vez só no gargalo, em seguida, jogou o meu objeto de desejo dentro da carrocinha para reciclar, caramba, agora aonde vou encontrar outra?  Neste momento eu senti uma sensação de lembrança retardada, sabe quando a gente se lembra de algo do nada? Isso aconteceu; peguei uma agendinha de bolso que um amigo me deu para entregar a sua mãe, abri, não acreditei, uma nota de vinte reais novinha pronta para ser trocada, me deu uma injeção de animo, agora vou comprar uma garrafinha de água só para mim, pagar minha passagem e ficar tranqüilo, neste momento o céu se descortina em água, as pessoas começam a correr para fugir da chuva, outras entram na estação do metro, eu também acelerei meus passos, já quase correndo, entrei no hol da estação, comprei uma garrafa de água, abri com tanto gosto que num gole ingeri a metade do desejado liquido cristalino, quando senti um puxãozinho do meu lado direito, olhei, era um menino de uns dez, ou onze anos, ele me pedia a água, moço, moço, me da esta água pra mim; eu nem acreditei, para não ser malvado, disse a ele, eu já bebi a metade, ele me olhou com aquele jeito carente, não tem problema, só quero matar a minha sede, dei a água para o garoto, o trem já vinha chegando, entrei, sentei e fui em direção a estação Corinthians Itaquera zona leste.

Esta historia é mera imaginação do autor, moral da historia; nunca devemos deixar a duvida atrapalhar o nosso progresso, caso tenhamos duvidas, devemos antes de prosseguir, avaliar todas as possibilidades para avançar, mas nunca desistir. Sejamos água, mas se preciso for, sejamos pedra, beijo a todos com carinho fraterno.


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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

PINGOS DE CHUVA.

Ainda não tinha amanhecido totalmente e o sol preguiçosamente começava a despontar no horizonte. Uma suave brisa tocava meu rosto e descalço e sem camisa comecei a caminhar pelo gramado.
Meus pensamentos pareciam estar em mil lugares diferentes ao mesmo tempo, pareciam estar completamente sem rumo. Sentia-me vazio, me sentia só e o silêncio do local e da hora me trazia algumas ondas de tristeza.
Não gosto de me sentir assim. Embora não fique incomodado de em muitos momentos do dia estar absolutamente só, sem a presença e companhia de alguém conhecido, não gosto de me sentir sozinho.
É como se caminhasse sem rumo, sem saber se haveria uma curva ou descida mais à frente e meus olhos nesses momentos parecem ficar nublados.
Não era minha imaginação e realmente o sol, ainda tímido, resolveu tomar outro caminho e preferiu dar passagem a grossas nuvens cinzentas que prenunciavam uma chuva para dentro em breve. Não sei dizer exatamente o que estava me motivando, mas me virei para a lugar onde as nuvens se concentravam e como estivesse lançando um desafio respirei fundo, abri o peito e fiquei na expectativa de que as nuvens se aproximassem para me respingar com suas gotas geladas .
Eu olhava desafiadoramente na direção das nuvens e naqueles momentos de, quem sabe, um pequeno delírio eu não via mais nada, não pensava em mais nada e só aguardava que os primeiros pingos de chuva caíssem. Era como se a chuva pudesse tirar do meu corpo aquela onda deprimida que agora tornava meus olhos opacos. Sentia claramente que o brilho natural deles tinha se afastado.
Murmurei que precisava daquela chuva no meu rosto, precisava tirar dos meus ombros o peso das preocupações. Imaginava naqueles breves instantes que com a chuva molhando meu corpo, pelos meus pés poderiam escorrer quaisquer amarguras que estivesse sentindo.
As nuvens vinham na minha direção e eu continuava lançando meu olhar mais desafiador, apesar de estarem sem brilho. Não tinha medo, não sentia frio e apenas aquela brisa suave acariciava meu rosto e embaralhava ainda mais os meus cabelos.
O silencio era absoluto e sem pensar que seria exagero, certamente estava ouvindo as batidas do meu coração. Não posso negar que o espetáculo era magnífico. Nuvens escuras que tomavam conta do céu sem pedir licença a ninguém e sem se preocuparem se incomodavam ou não, se seriam bem recebidas ou não, apagaram da tela que se vislumbrava a minha frente qualquer resquício do brilho do sol.
É impressionante como a sensação de solidão combina perfeitamente com ambientes com pouca luz. E naquele momento eu me sentia só, muito só. Precisava ter alguém ao meu lado e eu ria de mim mesmo, pois me lembrava de que pessoas que me conheciam me consideravam forte, muitas vezes imbatível frio e imperturbável.
Então senti na pele os primeiros pingos de chuva. Vieram delicados, como temessem ferir ou me despertar daquele torpor. Curiosamente não aumentaram de intensidade embora pudesse perceber claramente que não muito longe a chuva era mais forte e barulhenta.
Uma pequena poça formou-se ao meu redor e à frente, aqueles suaves pingos desenhavam circunferências em ondas que me lembravam minhas brincadeiras de criança quando atirava pedras num lago só para ver os círculos que se formavam. .
Uma folha solitária, já seca, mas num marrom firme caiu aos meus pés. E se não era também minha imaginação parecia estar serenamente absorvendo aqueles pingos mágicos, consoladores. Bobagem minha, pois a folha já estava morta.
Súbito, percebi que as nuvens mais pesadas se afastavam e então o sol resolveu dar as caras e se aproximou com toda força como quisesse deixar um recado de que agora era sua hora de dar um espetáculo gratuito no teatro maravilhoso da natureza.
Os pingos foram diminuindo e como quisesse me despedir estendi a mão bem aberta esperando que ainda pudesse recolher a ultima gota daquela chuva passageira. E aconteceu.
Deixei a mão em concha e logo consegui juntar um pouquinho que levei a boca. O gosto era bom já que era uma combinação do brilho do sol com o escorrer dos pingos daquela chuva amiga. Comecei a me sentir muito melhor. Fiquei mais animado, me senti mais reconfortado, fortalecido e agradeci ao Pai por mais um dia.
Dei meia volta e caminhei em direção a casa, aspirando bem fundo o gostoso cheiro da grama molhada.
Eu me sentia feliz, muito feliz…..

WRAMOSS